quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Jornalismo e Ética



Allan Jofre/Pedro da Rocha

O artigo nº 7 do Código de Ética dos Jornalistas diz: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.”.

A matéria do jornalista Sérgio Martins, publicada na revista VEJA de 21 de setembro de 2005, foi falha quanto à apuração dos fatos. Segundo o próprio autor, deu “... muita dor de cabeça...”. Em sua matéria sobre as apresentações que o cantor americano Moby fez no Brasil, Martins o comparou ao músico José Miguel Wisnik, chamando ambos de “... chatos de galocha...”, atribuindo a este uma frase de Caetano Veloso, uma frase infeliz, segundo Martins. Caetano fez uma nota para ser publicada pela revista, a qual foi rejeitada, e depois postada no BLOG do jornalista Ricardo Noblat. Acontece entrou em contato com o secretário de redação da VEJA, Julio César de Barros, e com Sérgio para saber o porquê da não publicação. Ambos não quiseram se pronunciar a respeito.

Este caso traz a discussão do compromisso que um veículo de comunicação tem não só com a apuração dos fatos, citada acima, mas também com a sociedade e personagens de suas pautas. Um dos meios que a VEJA teria para dar um direito de resposta á quem sentiu-se lesado de alguma forma por ela, seria através do ombudsman, profissional, que segundo o jornalista e professor do Mackenzie André Santoro, tem como objetivo fazer “...uma crítica a publicação em que trabalha, para o aperfeiçoamento das matérias.”, além de ser um elo entre redação e leitor. O ombudsman é contratado por um período, normalmente de meses, quando não pode ter seu contrato rescindido – mantendo assim a liberdade para criticar.

Mesmo a VEJA, revista semanal com maior tiragem no país, ( 1,2 milhões de exemplares semanais ), foi fundada em 1968, que tem grande influência na opinião pública, está sujeita a erros. Segundo Ricardo Noblat, quem deve ser responsabilizado nestes casos são “o repórter, o editor e o diretor.”. As dificuldades encontradas pelos jornalistas na apuração dos fatos são muitas, “...Primeira: dificuldade de acesso às fontes. Segunda: tentação de contar a história pelo ângulo que lhe pareça mais atraente - o que nem sempre significa que esteja contando pelo ângulo certo. Terceira: a preguiça de ouvir todos os lados de uma matéria.” Argumenta Noblat.

Iniciativas de profissionais da área também servem para tentar abordar e fiscalizar a imprensa. Um exemplo é o BLOG “Contrapauta”, de Alceu Nader, hospedado no site “Observatório da imprensa”. Estas duas páginas tem como objetivo analisar grandes veículos de comunicação. Mas o caminho que pode levar ao erro em uma reportagem é o mesmo que pode levar críticos a serem incoerentes. É o caso da publicação Veja ignora atualização sobre reflexos da gripe do frango no Brasil”, postada no BLOG de Nader. Nela é apontada uma suposta desatualização de dados da notícia: “A gripe aviária até agora fez bem ao Brasil”, escrita por Camila Pereira na edição de 8 Março de 2006 da VEJA. Apenas o primeiro parágrafo desta é citado por Nader, que usa para provar a sua tese dados de outros grandes jornais. Se tivesse postado na íntegra o que Camila escreveu, constataria que os números coincidem com os outros veículos, e a defasagem não ocorreu.

Mas apesar de todos os esforços, Santoro diz que o maior regulador da imprensa ainda é a sociedade, os leitores e personagens de pauta. A contribuição que os profissionais da área podem oferecer é, assim como em outras profissões, não á ética jornalística, e sim, segundo Noblat, “... existe simplesmente ética...”, o que vemos faltar diariamente com os representantes políticos do povo. Para que ela prevaleça, “Dependerá sempre do grau de honestidade de cada um. Do empenho em tentar oferecer das história, de qualquer história, o que lhe pareça a melhor versão.” conclui Noblat.


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