segunda-feira, 2 de maio de 2011

Elas estão roubando os lugares até em letras, debaixo do mesmo teto!


É, orgulho em letras da família, aquele que tira onde e trabalha no extra. Acho que nem isso mais poderei me gabar.

Eis que uma mulher, de 15 anos, surpreende todo mundo com um ótimo texto, que grita sentimentalismo, figuras tortas de linguagem e um português no qual até hoje me pergunto se eu sei.
Eis um texto de Ana Clara Jofre, irmã que se destaca dentro do mesmo teto de um jornalista que demonstra uma boa inveja!

"Por que será que o mais difícil e o mais perigoso sempre me atrai? Não tenho afeição à normalidade, a mesmice. O estranho e o diferente sempre vão me chamar atenção, sobretudo. O problema disso é que você sempre acaba se machucando mais, se magoando mais, porque está vivendo o desconhecido. É como um tiro no escuro, você nunca sabe o que vai acontecer. Às vezes você acha que o que você quer está em suas mãos, poderia claramente senti-lo, mas ao mesmo tempo você percebe que ele está tão longe que mal poderia enxergá-lo. Tudo é muito relativo, depende dos olhos de quem vê. Há quem ache que estamos próximos, há quem ache que nem nos conhecemos, mas tudo o que eu vejo é um escuro, um breu sem resposta para as inúmeras perguntas, gritos e pedidos. Paciência para as respostas eu sempre tive, já me acostumei a isso, assim como esconder sentimentos, disfarçar as emoções, fugir do que eu realmente queria e evitar as respostas que eu sabia que estavam bem na minha frente. Isso é um estado cômodo para os que me conhecem superficialmente, mas apenas os que me conhecem de verdade conseguem perceber minha tristeza apesar do sorriso em meu rosto e o barulho em minha mente apesar do silêncio, barulho consequente ao seu comportamento, suas respostas mal ditas, meio faladas, incompletas, barulho vindo de seu silêncio. Se deixar esquecer tudo talvez seja a melhor solução, mas não seria o mais fácil, eu poderia tentar mentir para o mundo, com sorrisos de mentira e falsas suposições, mas eu não poderia enganar ao principal, a mim mesma. Por mais que eu tentasse, e até conseguisse por um tempo, sei que sempre faltaria uma coisa, um pedaço do quebra-cabeça. Quebra-cabeça, aliás, seria o melhor termo para definir o que eu gosto, estou sempre tentando encaixar uma peça na outra, e apesar de várias tentativas falhas, sempre continuo de cabeça erguida para a próxima tentativa. Dizem que se consegue as coisas tentando, errando, caindo, levantando e seguindo em frente, que não há felicidade sem sofrimento e é nessa parte que eu volto a minha teoria da paciência, minha inegável paciência. Já disse vários nãos por sua causa, muitas vezes a contragosto, mas nunca recebi um não seu, nem se quer um sim, sempre recebo as respostas às escuras, indiretamente e pior que um não é a dúvida de um sim. Algo me disse que eu iria sofrer, mas como já citado, o perigo e o desconhecido me atraem. Já tentei desistir, eu tento parar e sei que continuarei tentando, futilmente, mas depois não poderei falar que não tentei. Talvez eu não sofra por sua causa, mas sim pelos os que estão a sua volta. Inveja, vingança, maldade, tudo está relacionado ao seu oposto. Mas no final eu me deixo levar pelo destino, o que tiver de ser será, se não foi é porque não tinha de ser, o tempo é o melhor remédio para as decepções, também porque eu não guardo mágoas, penso que cada um responde por seus atos. E é assim, caindo e levantando, quebrando e reconstruindo, perdoando e sendo perdoada que eu continuo sempre encarando o barulho ensurdecedor do silêncio que fica entre nós, a ausência de respostas para nossas perguntas e as coisas não ditas que ficaram apenas em sonhos e pensamentos de cada um, tentando encaixar as peças do meu estranho quebra-cabeça."


É! Até estilo na pontuação a menininha tem!

Boas viagens numéricas Clara!

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