quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Fast-Food de Livros-Máquinas ensinam a fazer dinheiro.


Allan Jofre/Pedro da Rocha

Estação da Consolação, Bernardo vai para o trabalho, espera o metrô. Olha de lado, há uma máquina encostada na parede, o vagão não chega. Aproxima-se, lê as opções – é daquelas que o cliente bota dinheiro e cai o produto - procura em seu bolso, tem cinco reais. Insere, aperta a opção e... Pega seu mais novo exemplar de “A arte da guerra”, de Sun Tzu.

Essa idéia nasceu com o empresário Fabio Bueno Netto, de 47 anos, dono da empresa 24x7 – 24 horas por dia, sete vezes por semana. Após tentar implantar projeto que visava massificar o livro vendendo-o mais barato, esbarrou no alto custo de logística, marketing, distribuição. Passando em frente a maquina de refrigerantes na FIESP, Netto pensou em botar livros ali. Hoje vende mais de 500 títulos espalhados em 18 pontos de venda localizados em metrôs de São Paulo. Expandi agora seu projeto implantando em outras cidades, como Rio de Janeiro e Maringá.

O grande atrativo é o preço dos exemplares, que custam em média 5 reais. Alguns mais caros, como Sagarana, de Guimarães Rosa, custa R$ 24,99, também tem boa vendagem. A estratégia para conseguir a comercialização a baixo custo é negociar, em grandes quantidades, livros que já não possuem direitos autorais.

Pela concessão do espaço a uma máquina pagam 550 reais para o metrô. Atualmente a vendagem é de aproximadamente 13 mil livros por mês; a estação campeã é a Sé (6 mil e 500 exemplares comercializados), que possui 10 máquinas espalhadas por seu território. Alguns dos livros que mais saíram foram: Código Civil brasileiro (Editora Exped); Arte da Guerra, Sun tzu (Editora Universo dos Livros); O príncipe, Maquiavel (Editora Escala). As pessoas escolhem os livros de acordo com as opções, diferente de uma livraria, que o cliente na maioria das vezes vai em busca de uma obra específica. Este é o motivo da alta vendagem de livros pouco procurados em outros lugares. “A Missão da 24X7 Cultural é facilitar a formação de novos leitores, incentivar o hábito da leitura de forma sustentável e por consequência melhorar os índices de alfabetização funcional do Brasil.” diz Netto.

Perguntada o porquê da compra de um exemplar, a caixa de um restaurante, Fabiana Pratta, diz que o preço e a facilidade do produto estar no caminho entre sua casa e seu trabalho fazem com que ela consuma esse produto cultural, já que o tempo para ir a uma livraria é quase inexistente.

Pode-se comprar livros pela metade de seus preços. Cada moeda de 1 centavo inserida vale 2 centavos. Em cada livro esta preso com durex uma moeda de 1 centavo, é o troco, pois todas as opções têm preço quebrado de 99 centavos; caso não tenham esta moeda, é colocada uma de 5 centavos. Por isso o incentivo às pessoas para que juntem as insignificantes e tão esquecidas insígnias da nossa economia.

Esta é a nítida prova que há procura por livros quando estes se tornam acessíveis. Pode-se juntar o incentivo à cultura com os lucros. ”Há mais de quatro anos, ininterruptamente, estamos vendendo livros para todos os gostos e bolsos, a maioria até R$ 4,99 em máquinas de vendas automáticas.”, diz Bueno Netto.

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